Quando a terra sob os meus pés desliza
Abrigo-me na palavra escrita
Deixo que as sílabas se enleiem aos graves
Dos acentos como se fossem traves
Quando o medo me bate á porta
No acinzentado da hora morta
Deixo que as virgulas se unam aos pontos
De interrogação e seus confrontos
Quando a razão me foge da mão
Agarro na consoante feito pião
Solto do peito o meu papão e viajo
Pelas rugas do meu povo e num realejo
Ensaio a dança feita bonança
O enleio da trança por vezes cansa
Cai-me aos pés nos versos que ensejo
O poema está feito em ti o almejo.
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